As outras versões de 89

Na noite de quarta-feira, 21 de junho de 1989, o Botafogo venceu o Flamengo por 1 a 0 e garantiu a conquista do campeonato estadual. Muito mais importante do que isso foi a festa da torcida, que comemorava o fim de uma longa espera: 21 anos sem títulos. Para celebrar os 20 anos da data e deixar aquela noite viva na memória, blogueiros botafoguenses escreveram sobre a quebra do tabu.

Para começar, Ed Barreto conta, no Saudações Alvinegras, que a expectativa do título era enorme, o que fez os dias que antecederam a final durarem uma eternidade. Não era para menos. Afinal, ele nasceu em 68, ano do último título do Botafogo, o bicampeonato estadual. Ed recorda detalhes da campanha e da decisão, que provocou um “estrago no penteado alvinegro” e marcou para sempre a “ressurreição alvinegra”.

O ano de 68 não foi apenas o do último título do Botafogo. Como esquecer outros momentos marcantes, como Maio de 68 e o AI-5. Rui Moura vai ainda mais além. No Mundo Botafogo, ele narra o século XX, do Titanic ao ataque das torres gêmeas, sem esquecer da queda do muro. Ele faz uma análise da conjuntura do Botafogo de 68 a 89 e mostra por que o alvinegro jamais poderia perder esses dois títulos.

Certeza da conquista era tudo o que não tinha o botafoguense Márcio Guedes. Foi o que confidenciou, naquele 21 de junho, a Roberto Porto. Em seu blog, Roberto Porto conta que assistiu ao jogo na sala do diretor da Tribuna da Imprensa, Hélio Fernandes Filho, e que não conseguiu se juntar aos festejos do título em General Severiano. Sem muito mais pra comemorar, Porto aproveita para analisar o Botafogo pós-89.

Não muito otimista é também a visão de Mauricio Stycer. Em seu blog, o “torcedor bipolar” desenterra dois textos seus publicados na Folha de S. Paulo, em 88 e 89. Mauricio fala sobre o contexto em que estavam inseridos e não deixa barato: “tive muito poucas alegrias com aquele time”. No texto de 89, Mauricio descreve o time campeão como “equipe gauche” e “um dos piores da história” do Botafogo. É claro que ele escreveu isso antes de ver os nossos times mais recentes!

A imagem de um time "gauche" e campeão

A imagem de um time "gauche" e campeão

Paulo Marcelo Sampaio vai ainda mais além. No Arquiba Botafogo, ele passa pelos grandes craques da nossa história e pela tristeza em ver as ruínas do estádio de General Severiano para explicar o que o levou a comemorar a quebra do tabu de uma forma no mínimo curiosa. Essa eu não antecipo, mas vale conferir também uma confidência de João Saldanha e, ainda, a revelação do momento exato em que dois contraventores do jogo do bicho deram luz ao título de 89.

Mil novecentos e oitenta e nove, um ano mágico. Talvez não seja para todos, mas com certeza foi e é assim lembrado por Marcelo Mesquita, o Gaba. No blog do Movimento Carlito Rocha, ele recorda da viagem de 464 para o Maracanã ao grito de “bichado” para Zico, que antecedeu o gol de Maurício. Para alegria do torcedores que frequentavam os tempos sem cadeiras verdes e amarelas da arquibancada do Maracanã, Gaba narra uma cena com balões e sopros que – mais tarde saberíamos – era o sinal de que o título tinha dono.

O grito de campeão, em 89, tinha dono: todos aqueles que aguentaram os 21 anos, sem perder o amor e todas as manias botafoguenses. Eduardo Zobaran dá a sua versão do título de 89. Um jogo que marcou as vidas dele e de sua avó, que naquela noite transmitiu ao pirralho de cinco anos um amor contagiante. Vinte anos depois, no Yougol, ele lembra dela e de uma decisão que tomou naquele 21 de junho e jamais se arrependeu.

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